Existem alguns rostos no meio no meio artístico brasileiro que parecem que nos acompanham pela vida toda. São muito próximos, frequentes, quase como um parente muito querido. Um destes rostos que desejamos ter sempre próximo da gente, é o grande homenageado com o Troféu Oscarito deste ano.
Marco Antonio Barroso, que na intimidade de um relacionamento de muitos anos, já tomamos a liberdade chamar apenas de Nanini. Descendente de imigrantes italianos, nascido em Recife capital de Pernambuco, a família de Marco Nanini mudou-se para o Rio de Janeiro quando ele tinha dez anos.
Trabalhou em banco e hotel, antes de entrar na carreira teatral atuando pela primeira vez em uma peça infantil em 1965, O Bruxo e a Rainha, aos 17 anos. A dramaturgia e atuação entraram definitivamente em sua vida, e o jovem ator vislumbrou o mundo a partir dos palcos. No final dos anos de 1960, chegou ao universo da televisão na condição de figurante da novela A Ponte dos Suspiros.
Mas, quem tem talento se destaca na multidão. Marco Nanini imediatamente engrenou uma série de trabalhos nas Redes Bandeirantes e Tupi e nas novelas da Globo. A mais recente delas em 2019, ou seja, há 50 anos Nanini é presença constante em nossas telinhas. As telas da TV o tornaram conhecido, mas o teatro e o cinema também foram grandes palcos, com personagens memoráveis e inesquecíveis, como o grande sucesso que estreou ao lado de Ney Latorraca, em 1986, O Mistério de Irma Vap, montagem que permaneceu em cartaz até 1997 e depois de onze anos entrou para o Guinness World Book of Records como a peça que permaneceu mais tempo em cartaz com o mesmo elenco. Foram 11 anos divertindo as plateias brasileiras.
No cinema, entre outros tantos papeis, nos ofereceu o desempenho icônico como Dom João VI, no não menos icônico Carlota Joaquina, Princesa do Brazil, de Carla Camurati, filme que se tornou um marco na retomada do cinema brasileiro nos anos de 1990.
Versatilidade, esta é sua marca registrada. Marco Nanini é mestre na comédia e no drama. Ao mesmo tempo em que interpreta na TV o pacato lineu da Grande Família, Nanini interpretou no teatro e no cinema o honorável prefeito de Sucupira, Odorico Paraguaçu, a genial criação de Dias Gomes. Ou ainda, perfeitamente à vontade performando no humor crítico da tv pirata, e também levando o terror ao sertão brasileiro como o temível cangaceiro Severino em O Auto da Compadecida. Não pode deixar de ser citada a sensível atuação como o enfermeiro Pedro no recente longa-metragem Greta, pelo qual recebeu prêmios no Cine Ceará, no Prêmio Guarani de Cinema Brasileiro e, também, no Festival Sesc Melhores Filmes.
O Festival de Cinema de Gramado sente-se honrado com a presença de Marco Nanini na galeria dos grandes nomes homenageados com o Troféu Oscarito.