Distopia e branquitude de “Bacurau” e “O homem cordial”

“Bacurau”, de Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles, e “O homem cordial”, de Iberê Carvalho, longas que abriram a primeira noite do Festival de Cinema Gramado, mobilizaram debates significativos com a sala lotada na manhã deste sábado, no hotel Serrazul.

Misto de ficção científica e faroeste em pleno sertão nordestino, “Bacurau” foi saudado pela mistura de gêneros, ousadia visual narrativa, além da contundência no trato de temas como aculturação, violência, extermínio, corrupção e armamento civil.

Construído na perspectiva de uma realidade distópica, com discos voadores/drones  sobrevoando paisagens onde a relação com a natureza e as tradições da ancestralidade convivem com aparelhagens high techs, prostituição e seca, o filme mobilizou a crítica e o público pelas alegorias propostas.

A afirmação do crescimento da violência, a lista de nomes de pessoas mortas, a violência de algumas sequências de mortes por tiros, o uso ostensivo de armas de fogo, foram temas de algumas das perguntas feitas à equipe que participou do debate.

“Aquela pessoas citadas foram, sim, mortas. E elas têm nome e sobrenome. Penso também que a maior parte das armas do mundo deveriam ser destruídas, ou ficarem em museus, como no filme”, disse Mendonça, acrescentando: “Bacurau é a confirmação de várias observações tocantes sobre a nossa região. Fiquei feliz de ver que, em sua primeira exibição pública no Brasil, o filme tenha sido corretamente decodificado”.

O filme também foi elogiado pela trilha sonora, por citações e referências de filmes brasileiros e internacionais – parte do repertório de formação audiovisual afirmado pelos diretores, de ficção científica ao cinema nacional. E, sobretudo, pelo alerta ou denúncia que faz sobre a intolerância que cresce.

“O fascismo estava enterrado e escondido. Agora ele está nascendo de novo”, disse Kleber Mendonça Filho.

Aproximando de temas de “Bacurau”, mas com uma narrativa construída no ambiente urbano da grande São Paulo, “O homem cordial”, do diretor do diretor Iberê Carvalho, também foi saudado pela habilidade de sua trama e a inserção dos diferentes matizes que se entrelaçam naquilo que possa ser definido como nação brasileira. Assim, intolerância racial, superexposição nas mídias, manipulação de informações, violência e direitos humanos em conflito foram temas da trama destacados no debate. “Esse é um filme sobre branquitude. Sobre ser branco nesse cenário e o que fazer”, disse o diretor.

Ministério da Cidadania, Secretaria de Estado da Cultura, Stone Pagamentose Gramado Parks apresentam o 47º Festival de Cinema de Gramado. Lei de Incentivo à Cultura. Patrocínio: Stella Artois, Snowland, BRDE, Fundo Setorial do Audiovisual e Ancine – Agência Nacional do Cinema. Copatrocínio: Banrisul, o grande banco do sul. Apoio especial: Campari,TCL, Casa Aveiro. Apoio: Café 3 Corações, G2 Net Sul, Le Joli, Laghetto Hotéis, Lugano, Canal Brasil, Naymar Cia Rio, Miolo Wine Group, Stemac Grupos Geradores, Tecna PUC, Cristais de Gramado. Transporte oficial: KIA. Transportadora aérea ofical: Gol. Agência Oficial: Brocker Turismo. Apoio institucional: Museu do Festival de Cinema de Gramado, SIAV RS, ACCIRS, IECINE, APTC/ABD-RS, Assembleia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul, Fundacine. Agente cultural: AM Produções. Promoção: Prefeitura de Gramado. Financiamento: Pró-Cultura/RS, Secretaria de Estado da Cultura, Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Realização: Gramadotur, Secretaria Especial da Cultura, Ministério da Cidadania, Governo Federal, Pátria Amada Brasil

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AGOSTO
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